MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS
BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS
O que vimos e ouvimos nós vos
anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão
é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo (1Jo 1,3)
Em comunhão com o Papa Francisco,
nós, Bispos membros da CNBB, reunidos na 56ª Assembleia Geral, em Aparecida –
SP, agradecemos a Deus pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus para a Igreja e para
a sociedade brasileira. Convidamos os membros de nossas comunidades e todas as
pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que fazemos sobre nossa missão
e assumirem conosco o compromisso de percorrer este caminho de comunhão e
serviço.
Vivemos um tempo de politização e
polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos
promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na
fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de
ser discípulos missionários.
A Igreja fundada por Cristo é
mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito
Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef
5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível
compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas,
políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de
Cristo, e o templo do Espírito Santo.
Nós, Bispos da Igreja Católica,
sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade
sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um
colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial
se concretiza também nas Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e
unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o
surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus
Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que está
presente a Igreja.
Em sua missão evangelizadora, a CNBB
vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo
Magistério, particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela
caridade” (Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o
mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida,
desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos
pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI
afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé
cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a
sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e
marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como
exorta o Papa Francisco.
A CNBB não se identifica com nenhuma
ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um
lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a
graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo,
suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e
mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101).
Ao assumir posicionamentos pastorais
em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do
Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para
pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os
direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem
(cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos
calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça
corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos,
nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt
5,11).
A Conferência Episcopal, como
instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por palavras ou ações
isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e
doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos.
Neste Ano Nacional do Laicato,
conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da fé, na comunhão
eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do Reino de Deus.
Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis.
Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e
amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de
Cristo” (LG 37). “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que
favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar,
dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial das
Comunicações de 2018).
Deste Santuário de Nossa Senhora
Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes bênçãos divinas
sobre todos.
Aparecida-SP,
19 de abril de 2018.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília – DF
Presidente da CNBB
Arcebispo de Brasília – DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger,
SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
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